Apresentação

A substância que preenche a vida

Um dia Ferreira Gullar disse que a arte existia porque a vida não bastava. Não basta porque a arte é a expressão pura de sentimentos e sensações, é uma sinestesia viva, do mundo, que agrega em si aquilo que temos de mais misterioso. Ela é, inexplicavelmente, a expressão de imaterialidade pura, oriunda, em sua totalidade, do frio corpo orgânico do artista.

Como explicar esse encontro da instância imaterial da beleza da arte com a matéria do corpo de seu criador? Onde se dá essa junção? Essas são perguntas que nunca saberemos responder, mas, sinceramente, nem mesmo nos importa. Basta que a arte esteja aí, expressando aquilo que possuímos de mais profundo e inexplicável, resgatando  do fundo de nossa ignorante materialidade, a beleza do esplendor dos sentimentos que nascem em algum lugar dentro de cada um.

Sem a arte a vida não basta porque para se viver, e não apenas sobreviver, necessitamos preencher a frialdade orgânica de nossos corpos, com a magnitude da beleza da imaterialidade artística.

É a arte a expressão do espírito, que nos transmuta de animal a homem, a substância que preenche a vida.

Esperamos trazer aqui não só um pouquinho de arte, seja em qual forma for, a cada um que acessar esse blog, mas trazer um pouquinho dessa substância, para, assim, podermos preencher, nem que seja numa quantidade ínfima, a vida desses que se dispõem a apreciar a beleza dessa inexplicável atividade do espírito que chamamos de arte.



Sejam esses augustos:
Augusto


Das ideias que já me chegam tortas,
Do esforço vil de pensar um tanto,
Palavras d’alma vêm vivas e mortas
Gerando ensaios, poemas e contos.

Vontade de criar que dilacera,
Da substância vã que me torna homem,
Que a vida não basta sob a atmosfera,
Sacia-me em gozo, em sede e fome.



Sejam esses prosaicos:

Prosaico

Das ideias já tortuosas,
Do esforço de pensar um tanto
Sairão mil obras pomposas:
Ensaios, poemas e contos

Da vontade de criar surge,
Do espírito que abala tanto,
A vontade da alma urge,
Sacio minha sede em pranto


Mas apesar da brincadeira torta, que essa substância da arte preencha essas vidas nesses instantes poéticos.

Boa leitura!

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