domingo, 30 de março de 2014

Anoitecer

Anoitecer



Meu corpo, submerso na escuridão da noite
Anseia em melancólico movimento torpe,
Deseja no íntimo de sua egoísta orbe,
A fugacidade do solipsista açoite

Minh’alma, escura como o breu noturno
Geme sua desgraça ao universo sombrio
Berra seu infortúnio enquanto anseio
A reviravolta onírica, a redenção de Saturno

Aguarda o fim de tão desgraçada chaga
Da solidão numênica que o corpo traga,
À aversão voraz à tese camusiana

E enfim se encena a volúpia eterna,
Que em último ato a realidade encerra,
Deleita a pútrida alma mundana


Aranha Ribeiro